top of page
Search

Somos um ou somos muitos?

Updated: Nov 1

ree


Fascina-me como é possível que as pessoas tenham estados de humor tão díspares em períodos de tempo tão curtos. Ou como, nesse mesmo curto espaço de tempo, se equacionam com igual vontade caminhos opostos para determinados desafios que se encontra na vida.

Sendo um psicoterapeuta em formação no modelo dos sistemas familiares internos creio que o mais adequado será começar por partir de uma das premissas base deste modo de pensar – que tanto é teoria da personalidade como modelo de intervenção terapêutica – a multiplicidade.


Somos um ou somos muitos?


Não há dúvida que a nossa memória, num estado habitualmente dito normal, nos revela um continuo desde o início da nossa existência até ao momento presente e até nos projeta um futuro – somos um, sempre o mesmo. Existe em nós algo de único e que nos define como UM sujeito. Não haverá, ainda assim, mais do que um eu?

Creio que será correcto afirmar que dentro do EU habitam vários “eu’s”, traços distintos da nossa personalidade, subpersonalidade ou partes do EU. O nosso EU é múltiplo: nos desejos, nos sentimentos, nas crenças, nos projectos, nas memórias.

Quem de nós nunca fez a experiência de se encontrar dividido, ambivalente perante uma encruzilhada? “Por um lado, quero abdicar de uma noite de amigos para me dedicar ao estudo para um exame importante, mas há uma parte de mim que se sente a desligar-se do mundo se não for ter com os amigos.” Poderíamos perfeitamente ser nós quem experimenta esta ambivalência.

Se o conflito entre partes é, muitas vezes, fonte de mal-estar, não é menos verdade que é do confronto desse conflito interno que podemos tecer mais um pouco do nosso EU que emerge entre uma parte e outra, como a linha que separa a água da terra se define no cruzamento de duas realidades opostas: a areia e o oceano.

Por vezes é mais fácil ter certezas cristalizadas: o moralismo pode ser uma resposta fácil para dilemas internos. Mas a conversa interna que podemos alimentar com cada uma das muitas partes que compõem o nosso EU permitirá descobrir a beleza do cinzento onde podemos trilhar o nosso caminho com a convicção firme de que os eu’s que nos habitam constituem o EU que somos e em quem nos tornamos.

Alimentar a nossa conversa interna, com genuína curiosidade, permitirá revelar os valores mais importantes que trazemos connosco e porventura apontará na direção de uma (ou mais) experiência do passado marcada por intensos sentimentos como a vergonha, a solidão, a culpa ou o medo.

Apesar de esse não ser um caminho aparentemente aprazível poderá ser um bem necessário para reconstruir o EU, dando novo significado a essas experiências intensas do passado, libertos das amarras às quais tais experiências nos prenderam.

 
 
Morada

Silveira Rodrigues, Lda
Avenida da Liberdade,  202, 
R/C Dir

1250-147 Lisboa, Portugal

Contactos

jmiranda.consultorio@gmail.com

+351 931637466

Horário funcionamento da secretaria:

14h30 às 19h, segunda a sexta.

Redes Sociais

Mais dúvidas?
Entre em contacto!

© 2023 José Maria Miranda Psicologia
 

bottom of page